Uma breve história da Honnus

A Honnus é uma história de empreendedorismo no feminino com o sonho de transformar o mundo dando voz aos mais injustiçados, numa viagem desde a capital até ao interior do país.

A nossa história começa com a vontade de querer inovar a peritagem médica em Portugal, uma área complexa e desconhecida do grande público. Um dos desafios que se impunha era o próprio mercado que ambicionava integrar. 

Apesar de haver poucas empresas concorrentes, sem qualquer foco digital, construir este negócio implicava algum risco operacional, uma vez que exigia implementar um modelo de negócio sustentável, pensar em toda a operação e construir pontes entre duas disciplinas tão distantes entre si: Medicina e Direito.

Na minha rotina como médica legista, descobri que as várias entidades - seguradoras, tribunais, advogados, empregadores e pessoas envolvidas - não comunicavam entre si e havia informação crucial que se perdia. Depois de alguma experiência em seguradoras e entidades públicas, também percebi que as próprias pessoas que sofriam acidentes ou agressões não eram suficientemente bem defendidas e, sobretudo, não estavam informadas e por isso não sabiam como lutar pelos seus direitos. 

Esta lacuna foi o gatilho da inspiração para o negócio que, com o tempo, acabou por ficar para segundo plano, dada a correria do dia a dia de uma mãe de 2 filhos em Lisboa. 

Mas foi só três anos depois, após estudar Gestão e despedir-me da função pública, que decidi avançar com a criação da minha própria empresa. Assim, motivada em tornar a peritagem médica independente, mais transparente e justa, digital e interdisciplinar, decidi avançar para o desconhecido, em que comunicar com mais clareza e informar para empoderar seria um dos pilares da Honnus. Queria que a Justiça estivesse mais acessível a quem realmente precisa, sem deixar ninguém para trás, algo que ainda hoje me motiva.

Começámos com 3 consultores médicos peritos e apenas algumas perícias no 1.º ano. O caminho mais fácil seria trabalhar com o lado que mais traria maior volume de processos, como as seguradoras. Mas a ambição era poder dar uma resposta nacional - e, quem sabe, internacional - e prestar um serviço justo, junto de clientes particulares que não são ouvidos pelo sistema.

A pandemia veio reforçar a nossa visão de realizar consultas online. Progressivamente, as videoconsultas, que já eram uma realidade, mas ainda com muita desconfiança das pessoas e dos nossos médicos, tornara-se a realidade predominante (atualmente, em 2023, atingimos 60% de consultas online), evitando assim deslocações desnecessárias, dando uma resposta mais rápida a prazos urgentes e digitalizando processos outrora em papel.

Mas a nossa história não acaba aqui: com mais uma filha na barriga, decidi simplificar a minha vida e viver no interior do país ao lado de uma serra mágica. Agora estamos a abrir um espaço físico na vila da Lousã e trabalhamos com pessoas locais. Do interior do país operamos digitalmente, a nível nacional, com consultórios em várias cidades do país e para empresas estrangeiras, cujas pessoas sofreram acidentes em Portugal. 

O número de pessoas que a Honnus tem apoiado, desde a sua criação, duplica todos os anos, bem como aqueles que cada vez mais se querem juntar à missão, sejam parceiros ou consultores médicos. São estas pessoas, cujas vidas melhoramos, que nos dão motivação extra para continuarmos a evoluir enquanto empresa promotora de justiça social. 

De março a junho de 2023 entrámos numa nova jornada, tendo a Honnus sido nomeada para a final do prémio Heróis PME, na categoria Startup Revelação. Esta iniciativa da Yunit Consulting com apoio da SIC Notícias, premeia a coragem e resiliência das pequenas/médias empresas.

Somente a participação neste prémio e chegada à final deram à Honnus a capacidade de se reinventar e alcançar um novo nível de conexão com a comunidade. Não ganhámos o prémio, mas vencemos esta jornada.

Todos os vencedores do prémio Heróis PME que, tal como todas as pequenas e médias empresas inscritas no projeto, demonstram todos os dias a sua capacidade de resiliência e adaptação no mercado português.

Escrito por

Ana Rita Pereira

Médica coordenadora da Honnus